A conexão que estabelecemos com a música é instantânea. No caso do reggae, suas cores estão profundamente ligadas à Bandeira da Etiópia, país que teve Hailé Selassié, originalmente Tafari Makonnen, como imperador. Selassié foi deposto por militares rebeldes em 1974, encerrando um dos reinos mais antigos do mundo, o reino de Axum. Ele foi o último imperador de uma dinastia que afirmava ter raízes que remontam a mil anos, com Menelik I, seu antepassado, considerado filho do Rei Salomão de Israel e da Rainha de Sabá, segundo a Igreja Ortodoxa da Etiópia, que acredita que a Arca da Aliança está escondida na região.
Hailé Selassié é reverenciado por seus seguidores, os Rastas, como a representação terrena de Deus (Jah). Essa crença, fundamentada em interpretações próprias da Bíblia, influenciou muitos artistas do reggae. O movimento Rasta também abraçou o pan-africanismo, defendido por Marcus Garvey, que pregava a união dos povos africanos e o retorno dos descendentes espalhados pelo mundo sob a liderança de um imperador negro.
Trinta anos depois, Hailé Selassié fortaleceria o movimento negro e o povo africano ao liderar a resistência etíope contra a dominação italiana europeia. Assim como Menelik II, que já havia resistido à invasão italiana em um período em que grande parte da África estava sendo colonizada pelos europeus, Selassié se destacou por sua eloquência, especialmente em seu notável discurso na Liga das Nações em 1936, que foi imortalizado na canção "War" de Bob Marley.
A Etiópia conseguiu se libertar do domínio italiano, tornando-se o primeiro país independente da África. Em 1987, adotou sua primeira bandeira, cujos significados são: a faixa vermelha representa fé, poder e sangue; o amarelo simboliza a igreja, a riqueza natural e o amor; e o verde representa a terra e a esperança. As três faixas também foram projetadas para conectar-se à Santíssima Trindade e às três principais províncias da Etiópia. A estrela na bandeira representa a unidade das diversas etnias etíopes, enquanto os cinco raios externos simbolizam prosperidade e o disco azul representa a paz.
Toda essa simbologia inspirou uma série de bandeiras na África e além, incluindo no Brasil, onde a cor preta é frequentemente adicionada para representar a raça negra.
Além disso, o símbolo da paz, criado em 1958 pelo artista britânico Gerald Holtom, reflete o desespero que ele sentia em meio ao contexto histórico de sua época. Holtom desenvolveu o símbolo durante protestos contra a construção de armas nucleares na Inglaterra, buscando representar sua esperança por um mundo sem destruição. Combinando as letras "N" e "D" do código homógrafo, que significam "nuclear disarmament", ele formou o desenho central do símbolo, cercado por um círculo que representa o planeta.